domingo, 20 de janeiro de 2013

quando o rastro e a desova e o cantar
de minha pressa de ardores sem ter fim
do que canto sem querer chegar ao mar
a poder entregar tudo que tenho de ruim
vou por hora me deixando arrebitar
c’as flechas tortas quebradas do querubim
e sonhando com o momento do deixar
você ao léu nas cachoeiras das quais vim
vejo pelas pedras tinta preta escorregar
vai devagar tingindo tudo que era branquim
enquanto você se banha todo devagar
a cachoeira vai te pintando de nanquim
e o olho teu que não escapa pra olhar
pra ver que tudo agora é cor de estopim
você sai sujo andando vir se enxugar
mal sabe vem da cor que já está em mim
quando estende os dedos sujos de banhar
apanha o pano com a mão e a olha assim
com os olhos saltando do orbitar
feito duas pérolas solitárias de marfim
se espanta louco sem pudores nem parar
não há banho que acalme seu festim