terça, 3 de janeiro de 2017

que dizer
das pedras ainda cálidas
do murmúrio insistente do riacho
das mãos molhadas apesar do vento

que dizer da mesa ainda limpa
sem nenhum risco, sem pó,
sem as migalhas de pão preto
ou das colheres verdes
brilhando foscas
depois da lavagem

que fazer
agora
com a memória fresca
das bochechas róseas
e o cheiro
e o som
de tudo que foi feito

resta uma fome
e uma sede
mas também o vazio
de um laço
que não mais prende

o fracasso
de não se ter nada a oferecer
nenhuma euforia
além da secura dos dias

que dizer
se não
adeus