sexta, 17 de março de 2017
pequena,
pequena,
coberta de cinzas
e lixos miúdos
pequena,
pequena,
minha cidade
daqui de cima
vejo finalmente
seu horizonte embaçado
e todo seu corpo
densamente vestido
no meio dos troncos de pedra
numa clareira distante
as costas de um dragão
se dobram resolutas
e como piolhos metálicos
os carros a atravessam
olho num deslumbre
os cachos de um prédio
dependurados
desde a cabeça onde me sento
as pontas raspando no chão
pequena,
tão pequena,
finalmente minha
me engole
a seco
e diz
logo agora
que finalmente dançamos juntos,
adeus...
quero me tornar
como aquela nau
sem ninguém ao timão
trêmula e forte
navegando sem purezas
entre o tudo e o nada