segunda, 10 de abril de 2017

imensa
inundando este quarto
até a metade da parede branca
envolta no silêncio

forte e viscosa
sem cheiro de nada
minhas coxas sobre a cama
eu a respiro
e num lamento a vejo

falo alto o seu nome
e por todo meu peito
ela responde

caladas as telas,
os brilhos brancos e azuis,
o barulho infindável,
– a água e a fumaça –
consigo ver seus contornos terríveis
que neste ser tão terrivelmente eram lindos

por isso corremos
nos já batidos círculos
do seu entorno

agora
os licores passaram
e o corvo cansado
envolto pelo ninho
assovia

quando de novo
a Lua for embora
quem segurará
esta enxurrada infernal?