sábado, 3 de março de 2018
eu
que desta palavra eu
já não mais conheço nada
nem o avesso ou o verso
que decidi esquecer
meus nomes do meio
que já não sei mais vestir jeans
mas que não caibo sem dores
nestes quimonos azuis
que me preciso carregar aos açudes do mundo
que tenho que decidir
entre três onze e doze
eu
que vou chorar indo ou ficando
de quem não sei mais o que sobrei
que nasci sem chorar nem gritar nem nada
que olho as bandeiras e vejo desenhos
eu
neste corpo de fibras abertas e finas
que mora no rio, debaixo da escada
me morda
até que derreta em cordas fracas
e escorra
com vontades e dores sem riscos de facas
sem nada no mundo que emudeça meus pés
seus latidos
minhas lágrimas
meus amores...