quinta, 24 de janeiro de 2019
na água gelada
o suor como um óleo
se espalha fazendo
formas sem cor, sem rastro
distante do ralo
de novo
meu peito decola
caindo pela grade
o cheiro do mijo
alguém está com medo e chora
você não quer saber notícias ruins
não quer saber de coisas grandes e graves
não quer saber das vaidades do mundo
da tristeza você não quer
o que é você
sob o jato de água
rindo
tomando tudo nas mãos
as memórias dos castelos
ainda vivificadas
como um musgo que arde nos olhos
enchendo o nariz de água e de terra
elas estão
vívidas
as galerias, as escadarias, os quadros na parede,
mas sob o jato de água
rindo
que fazer com as palavras que chegam nos ouvidos
por dentro e por fora
você não sabe mas está
dentro do jato de água
rindo
mesmo gelada nunca é o bastante você sabe
há algo enlouquecedor em todo o restante
mas você está rindo
dentro da água
está rindo