sexta, 5 de julho de 2019
onde
vai beber de onde?
vai deitar na fonte
vai cantar
vai comer
onde?
vai subir nos montes
vai encher estantes
ver o rio subir
descer
onde?
por qual cristo, ou conde
na veia fechada, as pontes
no cabelo, o parecer
onde?
no meu corpo afronte
quantas casas onde
esqueci-me de dizer
onde?
vai fazer por onde
não o que se esconde
é viver ou viver
dance
ou então cante
nesse tempo, alcance
corra pra correr
me ataque, afronte
mas me descanse
pra água descer
dance
quando os portais num transe
feito um rastro, volante
vierem de novo me comer
me alçar ao fronte
ao momento, instante
arranhe
pelo poço estranhe
não espere
não clame
não me ajude a apodrecer
onde?
é o tempo estanque
eu me preparo
remonto
não consigo arrefecer
dance
no meu olho falante
na minha língua arranque
eu não vim para dizer
dance
esqueça o tempo, palanque
o relógio, o pequeno, o grande
o parar e o correr
dance
contra o concreto, e o vacilante
contra o terror e o prometer
dance