quinta, 1 de junho de 2023
a História
maiúscula
não acabou, nem morreu
infelizmente ela insiste,
nos ecos supersônicos,
nos planos meta-meta-metafísicos - essências demais
realidades mentais
nos cérebros inchados de brancos homens com muito dinheiro e alpiste
grandes sacos de alpiste
com que alimentam seus pombos,
seus ratos e abutres herbívoros
a História
que eles mesmos às vezes
assustados
declaram ter se acabado ou prestes ao fim
vai sempre pondo vírgulas
e voltando, do mesmo ponto, o mesmo ângulo
todo o meu tédio o infinito
História
sempre só humana, e muito pouco mais que isso
dela excluída
o novelo de linhas, e os rios voadores
os cristais de areia, debaixo do abaixo dos lençóis na represa
histórias e estórias e poesias de línguas em línguas ouvidas
somente ouvidas
o Branco
não acabou nem morreu
ainda está lá,
morrendo de medo do seu extermínio,
em pânico
ao menor sinal de atrito
o ataque sua única defesa,
atirando em cada não-Ser que vingue
que insiste
em letras minúsculas ser como uma folha de aguapé
que toca o chão do rio, e respira com o rosto e as flores no ar
morre
de medo de ser percebido
enquanto o que é, no polo passivo
e não quem diz o que é e o que não, como uma letra morta em um livro
vai
carregando seu enorme saco de alpiste
uma flauta
e as serpentes e os ratos e os abutres herbívoros
todos em um coro uníssono
o coral de verdades
mantras e cânticos
realidades,
fatos,
ditos
pela palavra, divinos
sagrados por princípio
acientífico ou, quando empírico, conveniente
mente
propício
sua verdade, sempre singular
rígida
como o cabo do seu porrete, como
seu falo medicado, como
sua estátua de justiça, sua parede que concreta
tão concreta a prontidão
para a agressão
dia após dia após dia