domingo, 24 de novembro de 2019
você me disse algo confuso, não me lembro bem o que tinha sido, parecia algo muito diferente dessa escritoterapia que me une os fios do tempo e da vida. o que faço eu com tuas ferramentas cristianas, o limo e o cheiro que nelas tem, se não observar e esmiuçar também, pô-las na lupa, ver seu desenho, descobrir para que são e como me afetam. é o que você tem , o que herdou, posso entendê-lo, mas para mim são como instrumentos de tortura.
testo as águas dizendo ou ouvindo algo, qualquer coisa, quero ver se me aflige, e aflige — está na sua mente este deus pesado, e você busca encontrá-lo, no mundo ou na morte, mas busca — já me haviam ensinado, mas você sempre quer que eu esqueça, entre teus instrumentos vejo, o que, para apagar e contorcer as memórias, entortá-las, fazer parecer que teria sido eu — eu, você aos poucos ensina, faz a linha, me risca, para que seja eu, e tenha de insistir em sê-la, e defendê-la, esta eu, na beira da rodovia ou no lixo, a deixa, eis-me aqui, desfeita — bebe-me, come-me, nunca se dá por satisfeita...