quarta, 3 de setembro de 2025
a crise é do sensível
o vulnerável foi proibido
e hoje
sentir é um desperdício
eu ando pelo campus
que a Paineira cobriu de espuma
e acho um besouro de pernas pro ar
e me pergunto
se é porque o chão é plano demais
ou se ele jamais esperava
não ter onde agarrar
no vento a bandeira parada
não sento
não medito
é de pé que me pergunto
quão raso é o meu carinho
e o pulso da Terra ainda bate
na trava
vou tentando decifrar circuitos
ainda que lógicos,
cíclicos
onde me repito
mal digerindo os algoritmos
presa no tubo de uma fibra de vidro
equilíbrio dopamínico,
passo no crédito
na letra de um médico
na bula de um livro
rebobino a fita
e está pronta pra ser devolvida
Relacionado: Carnaval Continuado