sábado, 9 de novembro de 2019
de novo no rastro e na sombra
meus tiros todos em cheio
e ali
vejo falsas soldados
no parapeito
atirando na contramão
eu luto e desafio fantasmas
meus seios vazios de novo
se enchem de esperança de graça
de força e fogo desordeiro
as crianças juntam as mãos
oram e agradecem
é assim que une-se a elas
a mão quente do deus da guerra
e o Tempo
e o rio de lama vermelha
e a gota de chuva ácida na telha
são soda ardente
na minha garganta que azia
depois
os olhos se vão
como fendas no campo de centeio
eu
sempre no meio
fazendo a cerveja com as mãos
entro na água e ligo as bolhas
seu corpo é como o maior dos guardiões
me esconde
e estapeia
num acordo eu acordo de novo
é a tua íris brilhando no escuro
assim
nem preciso ver
nem preciso dizer
explicar
só o sorriso mesmo
é você que me arranca
daqui
deste mundo pequeno
falando
finalmente
a única língua que eu aprendi