segunda, 16 de dezembro de 2019
animais raros na encosta sentem-se perdidos
chegam e vivem quase em silêncio
incomoda-lhes a verdade alheia
ou o desejo
todo senso egoísta
mais ou menos preciso
quem está sozinha
concentrada
refinando
pondo brilho no fio desta faca
com a qual defende um pequeno território
sacos de areia
paredes de madeira
meia rima
rima inteira
sou
parapeito
extrema unção
verdade fácil
excesso de doutrinação
soltas as pirilampos
brincam em ser fadas
fadas
incendiárias
prendendo a respiração
olhando para o outro lado
espero o Sol no ocidente ocupado
vejo
fogo nas caravelas
bandeirantes em pânico
memoriais
desconhecidos
estou no plantão com o Fogo Vermelho
vejo chegar
vejo partir-se em três
são nove peças finais
um freio
um leque de metal
uma viola, mizinha arrebentada
uma cortina de juta
duas casas de terra
dois lembretes em forma de estatueta
uma roda de olhos tranquilos
girando como areia
redemoinho
poeira velha
fraco rastro dos caminhos