Estrela da Manhã

segunda, 23 de março de 2020

Estado monoteísta
meu peito arde
ansiedade
queimando pergunta
onde está
Khembalung
onde está
Shambhala
as ideias eregem
Hōrai
desde ali
ansiedade monoteísta
ascese catarista
conceito passageiro
sou
aluna curiosa sou
olhar atento
sobrancelha por fazer
papel de parede,
desafio constante
se eu invoco e chamo
me desfaço
eu viro
me transformo em letras e aí
estou voando

ritos de lua nova
adaptação eterna
recusa
falsa modéstia
amizade tóxica
cara fechada
expressão mórbida
alguém que cobra
empunha o porrete
contra o olho atento
está com sede
dizendo:
não cresço
quero
saber seu preço
que fácil
a cada provocação
deixo cair
mais um pedaço
e se você diz
que é exagero
se sugere pra mim
um pouco menos
rio um rio
o truque é não se demorar
rápida cura do chão direto ao sorriso
deixe-se pra trás
no cerne do caminho
cuspo num papel de poesia
está anotado, pronto
é isso
cresça se mexa
assim falaram
até ficar reta
depois dobrar e entortar
setenta vezes setenta
dinheiro é necessário
e é só um baralho
aprenda por onde
quem é que preenche
os vãos por entre
onde não chega a mão
da polícia
onde não vê
o olho que está lendo a bíblia
fala
com a língua cansada são
meus olhos que carregam
a raiva calada são
essas mãos que resolvem
colocam não ordem
nem pureza
é
reforma constante
revolução im
per
manente
estrela cadente
Toda Poesia
sem medo
de errar de cantar
desafinar
tão tão
desafinada
fora da batida
não pode
ser escondida
disformes elipses
rodando sem pressa
não posso parar eu tenho
onde chegar você sabe
estava me olhando
esperando
pra me ver gritar queria
que eu perdesse a cabeça mas
agora eu estou inteira quem vai
me segurar?
eu quero
ver a fogueira
hipnotizada por nada
não tenho
mais medo de usar
joelhos e coxas
os punhos
firmes e para cima
cerrados
quem mais trabalha será
sempre chamada vadia
você
enaltece calado
o trabalho forçado
o olhar alienado
vou
puxar seu tapete
romper seu telhado
furar a parede
escrever um recado
espera
eu estou chegando
fique de pé
e bem treinado
estou conversando
com meu outro lado
preciso tirar
mais um pedaço
você tem raiva de tudo
que é emotivo
sinto muito te digo
também a raiva vem nesse mesmo trilho
ouça o seu corpo
ouça
o ardor do seu peito
algo pulsando nos teus braços
estou
entrando e saindo da água
vento na barriga amarga
e também de repente
inspiração renovada
nada nada me para
nada
vou
furar pela brecha
e soltar um bocado
cuidado
cuidado dobrado
quando acrescento
não minto
há muito mais pra dizer do que
ficar garantindo
do que você tem medo?
do que você tem medo?
há dois tipos de medo
o ódio e o receio
quando alguém explica
já te subestima
é melhor
pisar em ovos
do que em espinhos
eu faço
ovos de ferro
de palha bambu
pra você andar
estou
desde os treze andando no vidro
olhe ao redor
estamos vivas e
qual é o motivo?
o sorriso não é
uma forma de passar
despercebida
saber é ar que nos enche
e que não se prende
nos pulmões de um deus
veja
a humanidade sufocada
podando suas próprias asas
esqueça
essa coisa de tudo bem
quero saber
como andam elas
não as santidades
quero saber de você
que está o tempo todo
cantando e sempre diz
que não canta
que está o tempo todo
dançando e sempre diz
que não dança
que está o tempo todo
falando e sempre diz
que é calada demais
sempre dizendo
que não está aprendendo
e aprendendo sem parar
a não deixar
seu corpo parado
ou sua mente
sair do lugar
se ela quer
dançar sem ninguém
poder acompanhar
até ficar cansada
se ele quer
fazer e criar
riquezas e mundos
mundos profundos
quem mais vai te motivar
se nem esse deus levantar
da sua cova mental
imaterial
e se manifestar?

tudo que queria
era me ver livre
dessa referência
incontente
acho uma pena
viver narrando
em cada ação da mão uma culpa
não quero
fazer sacrifícios
quero
que você escreva comigo
preciso
sou
só um degrau explosivo
de novo
eu digo
cuidado
muito cuidado contigo